O Pequeno Príncipe

"... O essencial é invisível para os olhos..."



Ah um minuto atrás havia brigado comigo por que mexi em coisas ditas como "pessoais", no segundo seguinte se eu tivesse aquela bolsa da "Mary Poppins", com certeza ela deixaria eu levar o quarto todo. Pois isso lhe trazia uma falsa segurança, a segurança de que iríamos nos encontrar para devolver aquilo que lhe pertence!

Ela queria que eu escolhesse qualquer objeto, para me emprestar, mas meus pensamentos não me deixavam pensar nisso, pensava em tanto coisa, o medo estava de mãos dadas comigo!

Foi então que sugeri: Um livro, O Pequeno Príncipe, pode?
Ela respondeu: Claro, e me emprestou mais alguns filmes.
Senti na sua voz que ela estava mais segura, mais calma.
Mas isso não me deixava segurar, isso me fazia apertar ainda mais a mão do medo!


Trecho do livro: O Pequeno Príncipe, por Antoine de Saint - Exupéry

- Que quer dizer cativar? Perguntou o principezinho a raposa.

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços.."

- Tu não és ainda pra mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não necessidade de ti. E tu não necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...


(...)

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? Perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos.



No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, ás quatro da tarde, desde ás três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: Descobrirei o preço da felicidade!Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração.



Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:


-Ah, Eu vou chorar.

- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

(...)


- Adeus disse ele.
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não deves esquecer. Tu tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

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