Mesa a dois...

Meu pai é o tipo de pessoa séria, ou melhor ele só passa essa imagem. Mas ultimamente tem sido mesmo uma pessoa de "meias palavras".

Quase não conversa em casa, diria que acho ele ate um pouco tímido.

Minha mãe me contou, que um dia enquanto ele olhava pra mim, disse pra ela que não queria que eu herdasse nada dele, pois ele engole muito "sapo" e a calma é seu segundo nome, e sofria em não conseguir dizer o que pensa, assim sofreria como ele também.

Ela doce como sempre apenas sorriu e disse:

Você ainda não percebeu, mas ela já age como você em tudo que faz!

Eu também sou a calma em pessoa, já engoli "muitos sapos", hoje consigo dizer mais e melhor o que penso... Mas ainda sou muito paciente, e a esperança. Há essa é meu segundo nome.

Não que meu pai seja uma pessoa passível a qualquer coisa... Mas ele tem uma certa responsabilidade sobre suas costas, da qual não sei explicar muito bem, talvez a responsabilidade que dizia no post sobre Estranheza. Ser homem num mundo onde a mulheres trabalham como os homens, rompendo com a educação conservadora que ele recebeu, quando era menino.

Uma vez ele me confessou que achava lindo a independência das mulheres e admirava aquelas que sabiam dirigir. Foi então que sempre quis ser a melhor nas coisas que ele admira. Tirei carta, estudei mais sobre computadores, assistia jogos de futebol...

Ele sempre me acha inteligentissima e quando me perguntava algo relacionado a computador ou internet e eu não sabia responder, ele só dizia:

Você é tão inteligente... É claro que sabe sim, alguma solução para esse computador deve ter...

E então eu ficava por horas tentando arrumar, dar um jeito... Quando não dava certo mesmo ele só dizia:

Vou ter levara para esse caras que nos enganam, para arrumar essa máquina. Se você não deu jeito, quem dará...

Sei que ele dizia isso pra mim não perder a auto-estima. rs

Esses dias enquanto tomávamos café na mesa ele perguntou:

Quem será que inventou a manteiga?? Por que ela só serve pra isso... Pra gente passar ela no pão, não existe outra utilidade.

Só balancei a cabeça afirmando. E constando como realmente somos parecidos em tudo. Quando calamos, quando falamos, quando discordamos, quando questionamos...
Como somos parecidos!!! E eu gosto disso, não sofro como ele dizia que iria sofrer.
Apenas queria ser mais amiga dele. Estar mais presente e pode ajudar. Da mesma maneira que eu vejo um esforço enorme da parte dele em participar da minha vida, me perguntar sobre emprego, faculdade, Deus, religião, movimento populares, das coisas que gosto de fazer. Nunca sobre amores, esse assunto ele sempre evitou!!

As vezes, por sermos tão parecidos, acho que ele me conhece tão bem que desconfia do meu amor (im)possível.

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